sábado, 11 de fevereiro de 2017

ARISTÓTELES E DANTE DESCOBREM OS SEGREDOS DO UNIVERSO


Vamos falar de livros também? Perfeito! Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo foi escrito por Benjamin Alire Sáenz, traduzido por Clemente Pereira. 

Aqui não vou fazer um resumo ou falar os motivos de não ler o livro, pois o YouTube está lotado de vídeos com opiniões iguais e superficiais. Parece que alguém publicou uma crítica e o resto só copiou. Além disso, não falo de coisas que acho que vocês não devam ler. Vamos falar de coisas boas aqui. Ok? Ok!

Pra começar, achei interessante falar um pouco sobre o escritor. Isso fez com que a história agregasse mais valor. Benjamin Aliere Sáens nasceu em Old Picacho, Novo México, em 1954. Foi padre em El Paso (cidade que se passa a história do livro que estamos falando), Texas, antes de deixar a ordem. Ele assumiu sua sexualidade aos 54 anos, pois teve dificuldade de aceitar o fato de ser gay devido ter sido abusado sexualmente na infância. Suas obras mais notáveis são: Carry Me Like Water, Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo e Tudo começa e termina no Kentucky Club. Algo me diz que devo ler este último livro! Adoro essas coisas de intuição! Hahaha

O livro tem 392 páginas, apresenta linguagem fácil e acessível. Isso é ótimo, pois atinge um publico mais jovem, caracterizando o livro como infanto-juvenil também. Ser um livro acessível é muito importante, pois transmite inúmeras mensagens que precisam ser abordadas.

A história trabalha a questão da amizade, amor, adolescência, tradições, família e mudanças. Tais mudanças geralmente estão associadas as “guerras internas” que cada personagem tem dentro de si. A resolução dessas batalhas pessoais se desenvolve ao longo da trama. Isso deixa o livro com uma construção interessante: o começo é denso e obscuro, e o final é leve e claro. Todos nós temos nossas “guerras internas”, e o livro mostra que eliminar esse peso é a melhor saída para atingir a felicidade.

A família é trabalhada nesse livro, pois tem um laço forte com a questão da tradição. Tanto Aristóteles quanto Dante, ambos dois adolescentes que vivem em El Paso na década de 1980, são descendentes de mexicanos. É bastante conhecido o fato de nós, latino-americanos, principalmente os de língua espanhola, sermos mais tradicionalistas, valorizando o núcleo familiar e “a moral e os bons costumes”... Dante é um extraterrestre em sua família, apesar de viver em plena harmonia com seus pais. Ari, apelido de Aristóteles, tem uma família que além de ter inúmeros mistérios, apresenta uma guerra de gerações. Os irmãos de Ari são bem mais velhos que ele, o que o torna como um filho único, já ele é o único filho dentro da casa dos pais. A narrativa desenvolve e revela os mistérios da família de Ari, que é o narrador da história.

Mudanças é algo presente e importante para o entendimento da história, pois acompanha a mudança de Ari ao longo da adolescência. A própria narrativa é marcada por essas mudanças. O começo é mais pesado, pois Ari se sentia assim. O autor mostra com leveza as descobertas que Ari e Dante fazem ao longo na adolescência, como beijar, tomar cerveja ou fumar maconha.

Mas o ponto principal do livro é a amizade e o amor. A amizade entre os dois jovens é o núcleo principal de toda a narrativa. E como ambos estão em fase de mudança... é mais do que natural que a amizade mude, transformando-se em amor! Mas sabe aquela questão de tradição e família? Ari está preso em suas “guerras internas”, e elas não o deixam ver o amor que ele sente por seu melhor amigo.
O livro me prendeu de uma forma tão boa! A leitura é bem fácil de ser feita e a narrativa é cheia de mudanças, assim como é a vida durante a adolescência. Tudo muito intenso!

É importante ressaltar que Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo é um livro que trabalha a questão do amor, principalmente do amor entre dois meninos. O que faz um link com a questão de Bejamin Aliere Sáenz ter assumido sua sexualidade tardiamente. Além de ser um tipo de terapia pessoal, o livro é uma forma de evitar que outras pessoas fiquem no armário, por ter vergonha de ser quem é. Acho que a prova disso é a última frase do livro: “Como pude um dia sentir vergonha de amar Dante Quintana?”.

Vale ressaltar que o pai de Ari foi pra Guerra do Vietnã, e em alguns de seus relatos ele fala dos motivos da guerra, como foi a guerra e as questões geográficas do país asiático, como as chuvas de monções. Além disso, é legal dar uma pesquisada nos artistas e cantores que Ari vai citando ao longo da história. É interessante ver a questão do American Way of Life na vida desses chicanos.

Leiam! Recomendo vivamente!


A reprodução deste texto é proibida e protegida pela lei do direito autoral nº 9610 de 19 de fevereiro de 1998.


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