Vamos falar de livros
também? Perfeito! Aristóteles e Dante
descobrem os segredos do universo foi escrito por Benjamin Alire Sáenz,
traduzido por Clemente Pereira.
Aqui não vou fazer um
resumo ou falar os motivos de não ler o livro, pois o YouTube está lotado de
vídeos com opiniões iguais e superficiais. Parece que alguém publicou uma
crítica e o resto só copiou. Além disso, não falo de coisas que acho que vocês
não devam ler. Vamos falar de coisas boas aqui. Ok? Ok!
Pra começar, achei
interessante falar um pouco sobre o escritor. Isso fez com que a história
agregasse mais valor. Benjamin Aliere Sáens nasceu em Old Picacho, Novo México,
em 1954. Foi padre em El Paso (cidade que se passa a história do livro que
estamos falando), Texas, antes de deixar a ordem. Ele assumiu sua sexualidade
aos 54 anos, pois teve dificuldade de aceitar o fato de ser gay devido ter sido
abusado sexualmente na infância. Suas obras mais notáveis são: Carry Me Like Water, Aristóteles e Dante
descobrem os segredos do Universo e
Tudo começa e termina no Kentucky Club. Algo me diz que devo ler este
último livro! Adoro essas coisas de intuição! Hahaha
O livro tem 392
páginas, apresenta linguagem fácil e acessível. Isso é ótimo, pois atinge um
publico mais jovem, caracterizando o livro como infanto-juvenil também. Ser um
livro acessível é muito importante, pois transmite inúmeras mensagens que
precisam ser abordadas.
A história trabalha a
questão da amizade, amor, adolescência, tradições, família e mudanças. Tais
mudanças geralmente estão associadas as “guerras internas” que cada personagem
tem dentro de si. A resolução dessas batalhas pessoais se desenvolve ao longo
da trama. Isso deixa o livro com uma construção interessante: o começo é denso
e obscuro, e o final é leve e claro. Todos nós temos nossas “guerras internas”,
e o livro mostra que eliminar esse peso é a melhor saída para atingir a
felicidade.
A família é trabalhada
nesse livro, pois tem um laço forte com a questão da tradição. Tanto
Aristóteles quanto Dante, ambos dois adolescentes que vivem em El Paso na
década de 1980, são descendentes de mexicanos. É bastante conhecido o fato de
nós, latino-americanos, principalmente os de língua espanhola, sermos mais
tradicionalistas, valorizando o núcleo familiar e “a moral e os bons
costumes”... Dante é um extraterrestre em sua família, apesar de viver em plena
harmonia com seus pais. Ari, apelido de Aristóteles, tem uma família que além
de ter inúmeros mistérios, apresenta uma guerra de gerações. Os irmãos de Ari
são bem mais velhos que ele, o que o torna como um filho único, já ele é o
único filho dentro da casa dos pais. A narrativa desenvolve e revela os
mistérios da família de Ari, que é o narrador da história.
Mudanças é algo
presente e importante para o entendimento da história, pois acompanha a mudança
de Ari ao longo da adolescência. A própria narrativa é marcada por essas
mudanças. O começo é mais pesado, pois Ari se sentia assim. O autor mostra com
leveza as descobertas que Ari e Dante fazem ao longo na adolescência, como
beijar, tomar cerveja ou fumar maconha.
Mas o ponto principal
do livro é a amizade e o amor. A amizade entre os dois jovens é o núcleo
principal de toda a narrativa. E como ambos estão em fase de mudança... é mais
do que natural que a amizade mude, transformando-se em amor! Mas sabe aquela
questão de tradição e família? Ari está preso em suas “guerras internas”, e
elas não o deixam ver o amor que ele sente por seu melhor amigo.
O livro me prendeu de
uma forma tão boa! A leitura é bem fácil de ser feita e a narrativa é cheia de
mudanças, assim como é a vida durante a adolescência. Tudo muito intenso!
É importante ressaltar
que Aristóteles e Dante descobrem os
segredos do universo é um livro que trabalha a questão do amor,
principalmente do amor entre dois meninos. O que faz um link com a questão de
Bejamin Aliere Sáenz ter assumido sua sexualidade tardiamente. Além de ser um
tipo de terapia pessoal, o livro é uma forma de evitar que outras pessoas
fiquem no armário, por ter vergonha de ser quem é. Acho que a prova disso é a
última frase do livro: “Como pude um dia sentir vergonha de amar Dante
Quintana?”.
Vale ressaltar que o
pai de Ari foi pra Guerra do Vietnã, e em alguns de seus relatos ele fala dos
motivos da guerra, como foi a guerra e as questões geográficas do país
asiático, como as chuvas de monções. Além disso, é legal dar uma pesquisada nos
artistas e cantores que Ari vai citando ao longo da história. É interessante ver
a questão do American Way of Life na
vida desses chicanos.
Leiam! Recomendo
vivamente!
A
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9610 de 19 de fevereiro de 1998.