O pequeno príncipe
é uma obra do francês Antoine de Saint-Exupéry, que foi publicada pela primeira
vez nos EUA em 1943. O escritor nasceu em 1900 e vivenciou um dos períodos mais
marcantes da humanidade: as duas grandes guerras mundiais.
Antoine
era apaixonado pela mecânica, e se tornou piloto civil e militar. A aviação
fazia parte de sua vida. Lutou ao lado dos Aliados voando com as Forças
Francesas Livres. Ele faleceu em 1944 após ter tido seu avião abatido com tiros
alemães.
Le petit prince,
nome em francês da obra em questão, pode parecer um livro simples e infantil...
mas é repleta de simbolismos!
O
pequeno príncipe, personagem principal do livro, vivia em um pequeno planeta
(no qual havia três vulcões: dois ativos e um inativo, “mas nunca se sabe”).
Ele tinha como companhia uma flor, a mais bela de todo o universo para o
pequeno. Tal flor, uma rosa, apresentava um orgulho enorme! E isso motivou o
pequeno príncipe a viajar pelo universo... o que o trouxe até o planeta em que
vivemos: a Terra.
O
livro trabalha com a ideia de mudança de valores, e mostra como os adultos são
equivocados e sozinhos, devido suas atitudes “sérias”.
O
livro começa com um desenho feito pelo narrador. Uma jiboia que tinha engolido
um elefante. Para a criança de seis anos, o desenho era fantástico! Porém, para
as pessoas grandes, o desenho era apenas um chapéu. Esse fato mostra
nitidamente a questão do texto: os adultos perdem a visão infantil e pura das
crianças. Conforme vamos crescendo, as cores perdem tonalidades e importância,
as surpresas frequentes vão desaparecendo e a imaginação vai dissolvendo pelo
rio do tempo. O começo mexeu bastante comigo: lembrei-me da vez que o meu
sobrinho estava desenhando um caminhão. Ele tem apenas três anos. No inicio,
quando eu perguntei o que ele estava desenhando, via apenas linhas tortas
formando alguma figura geométrica. Depois que ele disse, apontado as rodas, a
parte das cargas e a do motorista, eu realmente via um caminhão!!! Um caminhão
tortinho, mas era um caminhão. Meus olhos foram treinados para a objetividade
de pessoas sérias. Quem é que leva a sério uma criança?
A
resposta dessa pergunta pode modificar a vida das crianças. O narrador disse
que foi desmotivado pelos adultos, que disseram para ele não deveria gastar seu tempo com arte.
Quantos talentos não são desperdiçados com atitudes assim? Quantas crianças não
poderiam desenvolver melhor sua atividade cognitiva se fossem inspiradas e
motivadas a serem crianças?
No
capítulo IV, o narrador conta a história de um astrônomo turco que descobriu um
asteroide. Ele apresentou sua descoberta para a comunidade científica em 1909,
mas foi totalmente ignorado. O motivo? Ele estava usando as roupas típicas da
Turquia. Após a determinação do ditador turco, que todos deveriam se vestir à maneira
ocidental, o cientista, em 1920, recebeu toda a atenção da comunidade
científica.
O
que esse capítulo tem de tão intrigante? Além do absurdo que é julgar uma
pessoa pelos seus valores culturais (além do financeiro, social e étnico), o
capitulo dá uma realçada naquela questão de não leva a sério uma criança. Só
porque ela não se veste como você, não se comporta como você. As crianças são
como estrangeiros em suas culturas, suas sociedades. O capitulo também mostra a triste necessidade que as pessoas grandes têm de compreender o mundo somente
com números. Não basta falar que uma casa é bonita, pintada de salmão e com
árvores pequenas. É necessário falar que a casa estava situada no bairro mais
valorizado da cidade e que custava em torno de dois milhões de reais. Mas e se
fosse uma casa pequena, na periferia e igualmente linda? Ela seria feia aos
olhos adultos, pois não apresenta um valor financeiro digno de uma casa bela.
Um
episódio muito bonito é o da raposa. A raposa ensina ao pequeno príncipe o
significado da palavra “cativar”. Palavra tão esquecida pelos adultos.
Cativação torna algo ou alguém diferente e especial para você. O mundo tem sete
bilhões de pessoas. Todas são pessoas comuns e iguais... com exceção daquelas
que você cativou: amigos e parentes. Mas a cativação é cada dia menos comum entre
as pessoas. Em uma época em que o necessário é ter o maior número possível de
amigos no Facebook e seguidores no Instagram, o ato de cativar é cada vez mais
raro. Você choraria com a morte do seu último seguidor ou amigo do Face? Você sabe quais são os sonhos dessa pessoa? Você sabe que alí, do outro lado da tela,
existe outra pessoa? O livro foi escrito em 1943, mas seu conteúdo é muito
atual.
Adoraria
contar tudo pra vocês, mas o que eu realmente queria era que vocês, leitores
deste blog, também lessem a excelentíssima obra que é O pequeno príncipe. Recomendo vivamente!
Aguardo vocês no próximo texto. :)
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